segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Nacionalismo na América Latina


Nacionalismo na América Latina



Nos últimos 25 anos o estudo do nacionalismo passou por rica reformulação, em parte estimulada pela obra-prima “Comunidades Imaginadas”, de Benedict Anderson, e muito também pelo ressurgimento dessas ideologias na Europa, na esteira da queda do comunismo, e da necessidade de entender o lugar que tais correntes de pensamento ocupam nesta época de integração regional e instituições globais. A voga começou a chegar na América Latina e tem rendido pesquisas instigantes, como se pode comprovar pela leitura de “Nacionalismo no Novo Mundo: a formação de Estados-Nação no século XIX“, coletânea organizada pelos historiadores Marco Pamplona e Dan Doyle, que também dirigem a Association for Research on Ethnicity and Nationalism in the Americas.Embora metade dos artigos digam respeito aos Estados Unidos, me limitarei a comentar os textos sobre a América Latina, e o livro tem ensaios muito bons sobre Argentina, Bolívia, Brasil, Colômbia, Cuba e México – aliás, Pamplona é organizador de excelente série de livros sobre a independência das nações do continente.Basicamente, os autores se dividem entre estudar as manifestações da criação da nacionalidade realizadas pela elite (como obras artísticas e literárias) e abordar os processos de construção popular (rebeliões, festas, lutas políticas) que envolveram os pobres, em particular índios e negros. Ambas as abordagens são necessárias e têm seu valor, mas gostei mais dos artigos que seguem o segundo enfoque.De maneira geral, o país latino-americano que teve algum sucesso em incorporar as etnias discriminadas à nova nacionalidade foi o México, mesmo que de maneira mais simbólica do que concreta, pelo menos até a Revolução do início do século XX - abaixo, mural de Diego Rivera sobre a história mexicana. Os artigos observam o padrão de elites que buscam, quando muito, atrair os mestiços (Bolívia, Brasil, Colômbia), recorrer em massa à imigração européia (Argentina) ou se dividir entre a expressiva participação dos negros nas guerras de independência e a recusa em aceitar o papel da questão racial para a formação da nacionalidade (Cuba). Os estudiosos do nacionalismo europeu têm ressaltado os papéis primordiais exercidos pela imprensa e pela escola em construir cidadãos e consolidar a imagem de um país unificado, com o culto aos heróis, história, batalhas gloriosas etc. Na América Latina, a Argentina reproduz o modelo de modo impressionante, principalmente como maneira de transformar em argentinos a massa de imigrantes que desembarcavam no porto de Buenos Aires. Nos demais países analisados, a fragilidade do sistema educacional impediu a estratégia escolar, mas há certo consenso de que a imprensa e as festas patrióticas de algum modo cumpriram essas funções. Gostaria de ler mais a respeito, é um ponto que merece pesquisas.Outra questão da qual senti falta foi a economia do nacionalismo. Que tipo de pensamento os próceres latino-americanos tinham sobre o tema, em época na qual seus países dependiam totalmente do comércio de poucos bens agrícolas ou minerais com a Europa? O próprio sistema tributário do período era muito voltado para as rendas da alfândega, o que rendia disputas intermináveis na Argentina, por exemplo. Em que medidas tais circunstâncias influenciaram e restringiram a doutrina dos novos Estados?Esta primeira década do século XXI tem sido marcada por governos latino-americanos fortemente nacionalistas e embora eu seja simpático a muitas dessas manifestações, há um lado sombrio que aparece com freqüência, e tem conseqüência tanto em medidas econômicas nocivas quanto em retóricas estridentes e choques de fronteira, às vezes beirando o militarismo e a guerra. Felizmente não somos os Bálcãs ou o Cáucaso, mas penso que está na hora de refletir mais demoradamente sobre os significados do nacionalismo para as relações entre os países da região, em particular diante dos processos de integração que se multiplicam por aqui. Fiquei entusiasmado pela leitura de “States and Power in Africa”, de Jeffrey Herbst, que tem abordagem semelhante e nada impede pesquisa assim na América Latina.


 Populismo na América Latina



O populismo foi um tipo de situação política experimentada na América Latina entre as décadas de 1930 e 1960, que teve como grande contexto propulsor a crise de 1929. Nessa época, várias das nações latinas – vistas como portadoras de uma economia periférica – viveram uma fase de desenvolvimento econômico seguido pelo crescimento dos centros urbanos e a rearticulação das forças sociais e políticas. Foi em meio a essas transformações diversas que a prática populista ganhou terreno.

A política populista é marcada pela ascensão de líderes carismáticos que buscam sustentar sua atuação no interior do Estado através do amplo apoio das maiorias. Muitas vezes, abandona o uso de intermediários ideológicos ou partidários para buscar na “defesa dos interesses nacionais” uma alternativa às tendências políticas de sua época, sejam elas tradicionalistas, oligárquicas, liberais ou socialistas. De diferentes formas, propaga a crença em um líder acima de qualquer outro ideal.

No campo de suas ações práticas, a tendência populista prioriza o atendimento das demandas das classes menos favorecidas, colocando tal opção como uma necessidade urgente frente aos “inimigos da nação”. De fato, o populismo permitiu a participação política de grupos sociais que historicamente foram completamente marginalizados das arenas políticas latino-americanas. Contudo, esse tipo de ação das camadas populares junto ao Estado não pode ser confundida com o exercício da democracia plena.

Uma das contradições mais marcantes do populismo consiste em pregar a aproximação ao povo, mas, ao mesmo tempo, estabelecer mecanismo de controle que não permitam o aparecimento de tendências políticas contrárias ao poder vigente. De tal maneira, os governos populistas também são marcados pela desarticulação das oposições políticas e a troca dos “favores ao povo” pelo apoio incondicional ao grande líder responsável pela condução do país.

Além do autoritarismo e do assistencialismo, os governos populistas também tem grande preocupação com o uso dos meios de comunicação como instrumento de divulgação das ações do governo. Por meio da instalação ou do controle desses meios, o populismo utiliza de uma propaganda oficial massiva que procura se disseminar entre os mais distintos grupos sociais através do uso irrestrito de rádios, jornais, revistas e emissoras de televisão.

A ascensão dos regimes populistas sempre foi vista com certa desconfiança por determinados grupos políticos internos ou estrangeiros. A capacidade de mobilização das massas estabelecidas por tais governos, o apelo aos interesses nacionais e a falta de uma perspectiva política clara poderia colocar em risco os interesses defendidos pelas elites que controlavam a propriedade das terras ou das forças produtivas do setor industrial.

Dessa forma, podemos compreender que o populismo entrou em crise no momento em que não conseguiu mais negociar os interesses – muitas vezes antagônicos – das elites econômicas e das classes trabalhadoras. Quando as tensões políticas e sociais chegaram a tal ponto, podemos ver que grupos nacionais conservadores buscaram apoio político internacional, principalmente dos Estados Unidos, para varrer o populismo por meio da instalação de ditaduras que surgiram entre as décadas de 1950 e 1970.            

                   
Revolução Cubana





Cuba estava sobre o poder dos Estados Unidos, era um lugar com cassinos e bordéis freqüentados pela máfia e pelos fuzileiros dos EUA. Há mais de duzentos anos que Cuba tenta a independência ou anexação aos EUA. Antes da revolução cubana, a população vivia em extrema pobreza, pessoa morriam de doenças que já existia cura, milhares eram analfabetos e estavam desempregados.

Em 1952 sob a ditadura de Fulgêncio Batista que chegou ao poder por um golpe militar. Em 26 de julho de 1953, formou-se uma oposição contra Batista e Fidel Castro se destacou atacando um quartel de Moncada com um grupo de companheiros. Seu ataque fracassou e todos seus companheiros foram encarcerados. Fidel procurou exílio no México. Em 1956 retornou a Cuba para um novo confronto com Batista e novamente fracassou. Refugiou-se na Serra Maestra, lugar que começaram a planejar um novo ataque.

O ataque de Fidel manteve distante do capitalismo e do comunismo e manteve simpatia por todos os cubanos. É durante esse ataque que Che Guevara, médico da guerrilha decide entrar em combate com toda coragem e crueldade com os inimigos. Rapidamente se tornou homem de confiança de Fidel Castro e em pouco tempo torna-se um líder com bastante liderados.

Os revolucionários em 1959 ganharam uma batalha e Batista se exilou em São Domingos. A partir deste exílio, Cuba se torna um país comunista comandado por Fidel Castro. Em 1962, Kenedy fez uma denúncia contra Cuba, dizia que havia mísseis soviéticos e então foi ordenado o bloqueio naval de Cuba. A partir de então, Fidel Castro passou a trabalhar pela inclusão na América Latina para acabar com o isolamento.

Por causa do bloqueio econômico, Cuba se encontrava em situação crítica. Em 1965 os revolucionários decidiram: ou apelavam para soluções políticas e econômicas ou pregariam a revolução novamente. Che Guevara optou pela segunda opção, mas como a América Latina era seu único apoio e não havendo total decisão dos revolucionários, decidiu-se que era suicídio abrandar a revolução em Cuba.
Em 1968, os dirigentes cubanos sem outras alternativas diante aos revolucionários, se retraíram, mas as guerrilhas não ultrapassou o ano de 1975.





segunda-feira, 27 de julho de 2015

Revolução Chilena

       Revolução Chilena

    Passados os conflitos da Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945), o Chile viveu um período de expressivo desenvolvimento econômico calcado na exportação de minérios e o desenvolvimento do parque industrial. Em meio a esse processo de modernização econômica, diversas empresas estrangeiras aproveitaram do bom momento do país para lucrar com a exploração de suas riquezas. Entre outros interessados, destacamos o papel exercido pelos Estados Unidos no interior da economia daquele país.

   Chegada a década de 1960, a vida política do Chile se agitava com a consolidação de partidos políticos que discutiam os projetos que resolveriam as mazelas sociais que atingiam boa parte da população. Em linhas gerais, os movimentos de mudança se dividiam entre aqueles que apoiavam uma revolução aos moldes da experiência cubana e aqueles que defendiam a utilização das vias democrático-partidárias e das reformas políticas como instrumento de transformação.
    Nesse mesmo período, o governo de Eduardo Frei chegou à presidência do Chile com um frágil conjunto de reformas que não alcançou os objetivos esperados. Dessa maneira, comunistas e socialistas se mobilizaram em torno da Unidade Popular, partido que acabou elegendo o presidente Salvador Allende. Após décadas de luta e mobilização, os setores de esquerda conseguiram se organizar e eleger uma figura comprometida com as lutas populares da nação.


Entre suas primeiras medidas no poder, Allende preferiu seguir uma política independente em relação aos Estados Unidos e defendeu a nacionalização das empresas norte-americanas que se encontravam no país. Imediatamente, setores políticos conservadores e as próprias autoridades estadunidenses passaram a ver com receio as propostas do novo presidente. Além disso, o governo de Allende teve que enfrentar uma crise do cobre no mercado internacional, que, na época, representava uma boa parcela da economia chilena.
A diminuição dos preços do cobre acarretou em uma elevação no preço dos alimentos mediante a forte dependência da economia chilena em relação a seus recursos minerais. Aproveitando da situação desfavorável, os EUA e os conservadores chilenos instigaram a organização de manifestações contrárias ao governo Salvador Allende. Em pouco tempo, um grupo de militares golpistas se formou com o objetivo de dar fim ao domínio dos socialistas.

 - Desde 1891 ,o Chile passou por diversas experiências políticas, de comunistas a centro-esquerda, estes, que trouxeram para a cena política os operários;

- Nas eleições presidenciais de 1970, a vitória coube a Salvador Allende, candidato da Unidade Popular, criando uma frente socialista e liberal;

- Allende aprofundou a reforma agrária, nacionalizou as minas, bancos e empresas do exterior;

- Os Estados Unidos, com ideias econômicas, queriam intervir, entretanto a população ainda estava traumatizada por causa da Guerra do Vietnã. Então, o país decidiu boicotar o cobre chileno;

- Esta e outras ideias dos Estados Unidos colocaram a população contra a União Popular, principalmente a classe média;

- Em 1973, um golpe militar chefiado pelo general Augusto Pinochet derrubou Allende, que foi morto no Palácio de La Moneda enquanto a Residência Presidencial era bombardiada;

- O Chile passou, então, a ter como poder vigente uma Ditadura Militar, o poder que Augusto Pinochet possuía era muito grande, e ele abusava do mesmo com sua tirania;

- Esta ditadura militar foi patrocinada pelos Estados Unidos.


Revolução Argentina

Revolução Argentina


O período denominado Ditadura Argentina começou com o golpe de estado que derrubou o presidente constitucional da ArgentinaArturo Illia, em 28 de junho de 1966. Desse modo, começou um novo período de governos militares que resultaria na volta do peronismo ao poder em 1973. A ditadura argentina se autodenominou Revolução Argentina.
Durante esses anos, o país foi regido pelo Estatuto da Revolução Argentina, alçado ao mesmo nível jurídico da Constituição Nacional. As expectativas de um prolongado governo dos militares golpistas estavam refletidas em uma de suas mais repetidas palavras de ordem, "a Revolução Argentina tem objetivos, mas não prazos". Os partidos políticos foram proibidos, assim como todo tipo de participação política por parte dos cidadãos; vigorou de forma quase permanente o estado de sítio e viram-se cortados direitos civis, sociais e políticos.
Três gestões dividiram esse período. A primeira ficou conhecida como o Onganiato, presidida pelo general Juan Carlos Onganía, cabeça do golpe e representante da velha facção azul do Exército Argentino. Onganía governou de junho de 1966 a junho de 1970, quando teve que entregar o poder debilitado por protestos, como o Cordobazo.
Durante sua gestão foram adotadas uma grande quantidade de medidas econômicas que tendiam a liberar os mercados e facilitar o caminho para a introdução de grandes monopólios internacionais, ao mesmo tempo que eram suprimidos importantes direitos de associação e reprimidas as greves e atividades proletárias.
Do mesmo modo, o Onganiato foi caracterizado por uma marcada intolerância e desprezo para com as então prestigiadas universidades argentinas, consideradas pelo governo como berços da subversão e docomunismo, chegando ao ponto de reprimir brutalmente as atividades de centros estudantis. Uma das ações mais paradigmáticas deste regime autoritário ficou conhecida como a Noite dos Cassetetes, ocorrida em 29 de julho de 1966, operação na qual forças policiais irromperam nas universidades, desalojando a cacetadas e golpes tanto professores como alunos; o que fez com que numerosos docentes, intelectuais e investigadores das universidades nacionais se exilassem, prejudicando seriamente a comunidade científica, cultural e universitária. A destruição alcançou até mesmo laboratórios e bibliotecas.
Em junho de 1970, o presidente militar Onganía foi substituído pela Junta de Comandantes em Chefe das três forças armadas, designando para seu lugar o general Roberto Marcelo Levingston, um desconhecido militar da inteligência que então desempenhava ignóbeis funções nos Estados Unidos, e que governou até março de 1971. Sem poder controlar a rarefeita situação política, social e econômica do país, Levingston foi, por sua vez, substituído pelo próprio Comandante em Chefe do Exército e homem forte da Revolução Argentina, o general Alejandro Agustín Lanusse.

Lanusse governou de março de 1971 a maio de 1973, e, à semelhança de seus predecessores, seu período de governo foi visto com grande antipatia e repúdio por parte da população. Sua gestão se caracterizou por um grande investimento em importantes obras de infraestrutura nacional (estradas,pontesrepresasetc.). Em 1972 ocorrem chacinas como o Massacre de Trelew, aumentam as ações de o Exército Revolucionário do Povo. Frente à crescente pressão tanto dos simpatizantes peronistas quanto do próprio Perón em seu exílio em Madrid, Lanusse preparou o terreno para a volta de um governo civil e tentou criar um tipo de peronismo sem Perón em seu frustrado projeto político, o qual batizou de o Grande Acordo Nacional (GAN).

Em 1973, convocou eleições gerais devido a exigências dos ilegalizados partidos políticos, os quais, em oposição ao GAN, haviam produzido por sua vez o documento A Hora do Povo. Lanusse suspendeu a proibição ao Partido Justicialista, mas manteve sobre Juan Domingo Perón. Ao elevar a quantidade de anos de residência necessários para ser presidente, argumentou que Perón não cumpria por ter estado exilado 18 anos na Espanha. Nas eleições, foi eleito Héctor José Cámpora pelo FreJuLi (Frente Justicialista de Liberación), nome que naquela ocasião o Partido Justicialista usou, sob a tutela do próprio Perón, e junto a outros partidos menores e ocasionais aliados políticos. O slogan mais eloquente e relembrado do FreJuLi era "Cámpora ao Governo, Perón ao poder".